Uma oportunidade que só acontece a cada 3 anos. É assim o Tecnova II. Um programa de subvenção econômica para apoio à inovação e ao desenvolvimento tecnológico de empresas no Paraná.

A iniciativa foi lançada em dezembro pela Fundação Araucária e Finep. A proposta é beneficiar até 25 projetos de soluções inovadoras com até R$ 380 mil cada. Você pode acessar o edital da chamada aqui.

Esse programa é na modalidade subvenção. Ou seja, não precisa ser devolvido ao fim do projeto. Então, vamos combinar que o Tecnova II é uma super oportunidade?

Os projetos devem ser desenvolvidos em 2 anos. Além disso, precisam trazer uma solução para uma dessas cinco áreas:

  • Agronomia (Agricultura / Agronegócio)
  • Saúde (Ciência da Saúde / Biomedicina / Biotecnologia)
  • Energias alternativas
  • Metalmecânica / Eletrônica
  • Tecnologia da Inovação e Comunicação.

Cada empresa terá que aportar uma contrapartida de 5%. Em que pode envolver pagamento de pró-labore ou colaboradores.

Assim, preparei algumas dicas para quem vai enfrentar esse desafio. Não duvido que essa chamada alcance mais que o triplo de recursos do que prevê o edital. Por isso, importante é estar preparado.

Neste caso, vence quem tem realmente uma solução inovadora. Mas, principalmente, quem consegue explicar tudo certo no projeto. Afinal, será apenas a leitura do avaliador que vai dizer se sua empresa está dentro ou fora.

1 – Detalhes técnicos importantes

Sempre recomendo para quem está começando a escrever projeto a ter muita atenção ao edital. Esse é um item que não pode passar despercebido. Afinal, tudo o que pode e não pode ser feito está ali.

Já vi empresa com projeto bacana ser desclassificada. Isso porque esqueceu a assinatura em um único documento. Desta forma, se possível, passe para mais de uma pessoa ler o edital. Grifar ajuda nos pontos mais importantes.

Na chamada do Tecnova II eu vi alguns pontos de atenção que devemos ter. São da parte técnica. Então, vou compartilhar com você.

a) Comprovante de experiência

O coordenador do projeto e a equipe terão que apresentar um documento comprovando a experiência técnica.

Confesso que não tinha visto isso ainda. Então, não basta mandar só o currículo. É preciso comprovar. Sugiro que sejam anexados ao projeto certificados de cursos ou declarações.

b) Remuneração de pesquisador

Pesquisadores de ICT-PR não podem receber recursos do projeto. Se forem participar, deve ser de forma voluntária.

É muito importante ter atenção a esse ponto. Pois, um pequeno deslize no plano de orçamento, pode desclassificar a empresa.

c) Pagamento de pró-labore

É possível pagar pró-labore com dinheiro de contrapartida do projeto. Mas, NÃO É PERMITIDO usar o recurso da subvenção para esse tipo de pagamento.

Aqui, é bacana ficar atento. E, se possível, coloque não só pró-labore de contrapartida. Ter outros itens de contrapartida é sempre bem visto.

d) Obras e reformas

A chamada prevê o pagamento de reformas e adequações. Mas, não permite obras novas. Quando li o edital até pensei: quê? Mas, sim, é isso mesmo que você leu.

Pode reformar, mas não pode obra nova. Então, atenção com as mudanças estruturais.

e) Busca de anterioridade

O edital é bem claro sobre a necessidade de busca de anterioridade em banco de patentes. Esse documento deve ser anexado na proposta. Se não tiver, desclassifica.

Aliás, outro ponto importante é que diz que a busca tem que ser feita pelo INPI ou por núcleos de inovação. Eu desconheço esse serviço no INPI. Mas, há núcleos de inovação que estão preparados para essas buscas.

Então, atenção à instituição que vai assinar a busca. Aqui na Vlinder, estamos com uma parceria com a Agência de Inovação da UEL (Aintec).

2 – Grau de inovação da solução para Tecnova II

Geralmente, em toda a chamada de recursos, o grau de inovação é o critério mais bem pontuado. No Tecnova II ele tem a mesma pontuação de outros elementos.

Mas, a dica que quero dar é sobre a apresentação desse grau de inovação. Primeiro, você pode classificar a inovação pelo tipo dela.

O edital considera inovação o que está previsto na Lei de Inovação. Porém, para você comprovar que sua solução é inovadora, você precisa comparar com outras soluções.

E aqui não é só com concorrentes, mas principalmente, do que já há de patentes. Assim, na descrição sobre o grau de inovação é preciso ter a comparação com patentes.

Minha dica é para você citar a patente. Depois diga de forma clara o que aquela patente faz e faça um texto demonstrando as funcionalidades novas que sua solução possui. Sim, uma comparação.

Precisa fazer com todas as patentes? Não! Escolha as mais importantes. Mas, não deixe de fazer essa comparação no texto. Mandar só a busca de anterioridade pode ser um tiro no pé.

3 – Estágio de desenvolvimento da solução

O estágio de desenvolvimento da solução também tem peso alto. Assim, como grau de inovação. Inclusive, é critério de desempate. O edital deixa claro que os projetos devem chegar até a fase de certificação ou comercialização.

Então, o cronograma de atividades deve ter atenção a esse aspecto. Se o estágio de desenvolvimento vai ser pontuado, considere iniciar o projeto do primeiro protótipo. Acredito que ideias vão receber pontuação menor.

Além disso, você pode organizar as metas de acordo com cada fase de desenvolvimento. A Finep já tem utilizado a TRL para avaliar o grau de maturidade tecnológica.

Vou deixar aqui o link dos níveis de TRL que a Finep utilizou em um edital recente.

Os níveis de TRL são parte de uma metodologia desenvolvida pela NASA ainda na década de 1970. Ela classifica o desenvolvimento de uma tecnologia a partir de alguns níveis.

Como essa é uma padronização mundial, você pode ajustar seu projeto aos TRL. Assim, ficará mais claro para o avaliador qual o estágio que você está e onde pretende chegar.

4 – Divisão dos recursos

O edital deixa claro que o pagamento da subvenção será em 2 etapas. 50% no início do projeto. E os outros 50%, após o primeiro ano, depois da prestação de contas.

Então, a dica é: construa seu plano financeiro a partir dessa realidade. Você só terá 50% do recurso total no primeiro ano. Não faça um planejamento diferente disso. Já vi muitos casos que faltou essa atenção e o projeto foi reprovado.

Além disso, não se esqueça que plano financeiro deve ser alinhado com o desenvolvimento. Em um projeto essas duas áreas não são distintas e precisam caminhar juntas.

5 – Capacidade técnica da equipe

A capacidade técnica do coordenador do projeto e da equipe também terá peso 4 na avaliação. É um peso alto e igual ao grau de inovação da solução. Pelo visto, darão preferência para mestres e doutores.

Ter esse tipo de critério alto é um ponto a se considerar se estamos falando de editais para empresas.

Porém, sem discussão sobre os aspectos do edital, sugiro que você escolha para coordenador de projeto um mestre ou doutor da sua equipe.

Se não tiver, tudo bem. Mas, se tiver, terá mais pontos. Portanto, priorize a experiência técnica. Além disso, destaque isso no texto do projeto. Você pode incluir lá na parte que trata da experiência de PD&I da empresa.

6 – Clareza na redação

Já vi uma infinidade de analistas e técnicos dizerem que muitos projetos não são aprovados porque estão mal escritos. Eu mesma já avaliei projeto de edital e ao fim não tinha entendido o que a pessoa estava proponto.

Na maioria dos casos, os analistas não são técnicos da área. As informações técnicas em um projeto são importantes. Porém, é preciso cuidado com o tecniquês.

Desta forma, minha recomendação é: escreva para o seu João entender. Porque se ficar claro para o avaliador, você tem mais chance. É uma super verdade que projetos nem tanto inovadores, mas super organizador têm vantagens.

Por isso, foque em ser objetivo e claro. De preferência, passe para alguém ler o projeto. Se está confuso, ajuste. Portanto, nada de coisa rebuscada.

Se concentre naquilo que está sendo pedido como resposta. E, principalmente, que todo mundo que leia, entenda o que você está propondo.

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Espero ter ajudado vocês com essas dicas. Todavia, se precisarem de algo, podem conversar comigo. Por aqui, estamos com a revisão estratégica das propostas. E, também, com uma consultoria orientada para cada projeto do Tecnova II.

Afinal, não podemos perder essa oportunidade, não é mesmo?