Já é de senso comum que um dos grandes desafios para a promoção da interação universidade-empresa são os processos burocráticos. Na lida dessa rotina de interação há 7 anos, posso afirmar que há desafios tanto do lado das universidades, como no lado das empresas.

Não, a ideia não é ficar aqui repetindo o tanto que tudo é lento, mas sim, mostrar que tudo depende de uma decisão prática. A Lei de Inovação permite que a interação aconteça de modo a beneficiar ambas as partes, isso já está posto.

Desta forma, ganha a empresa com possibilidade de tecnologia e conhecimento de ponta, ganha a universidade com a proposta de ampliar o conhecimento e incluir tecnologia no setor produtivo.

Assim, pensei em compartilhar aqui algumas iniciativas que temos feito pela Vlinder de forma a trabalhar para vencer esses desafios.

Mas, como o que podemos fazer?

Como falei no início, vamos ser práticos? Por isso, listei em tópicos.

Empresa

  • Capacitar a equipe para que compreendam a inovação de forma ampla com conhecimento no marco regulatório e na dinâmica dos núcleos de inovação tecnológica das universidades;
  • Ter minutas próprias para as iniciativas com universidades, como termos de licenciamento de tecnologia, compartilhamento de material para pesquisa, prestação de serviços, entre outros;
  • Trabalhar a equipe de inovação para que tenha processos internos de forma a receber os pesquisadores e organizar as iniciativas de maneira interativa;
  • Entender que o tempo da universidade e o tempo da empesa são distintos e, sempre serão, mas expectativas podem ser alinhadas.

Universidades

  • Sensibilizar pesquisadores sobre as regras da instituição. Faz-se muito bem a promoção da importância interação universidade-empresa em eventos, mas pouco ensina-se o processo interno, marco regulatório, o que pode e o que não pode;
  • Ter a política de inovação clara e objetiva, de forma a envolver todos os agentes no processo. Ações que são isoladas e pontuais trazem poucos resultados;
  • Incentivar a formação de procuradores jurídicos que tenham o viés para as iniciativas de inovação. No Direito há diversas especialidades, a inovação é uma delas que deve ser estimulada;
  • Entender que o tempo da empresa não é o tempo da pesquisa. Por incrível que pareça, há pesquisadores que querem a interação para ontem. Porque o mestrado, o TCC ou o doutorado não podem esperar. É preciso planejamento. Deixar tudo para a última hora só vai dificultar os trâmites.

Não há fórmula mágica, há vontade de fazer

Só para ilustrar, do lado da universidade, a questão universidade-empresa é sempre culpa do outro: do departamento, do jurídico, da reitoria, da dinâmica, do aluno, do tempo, das aulas… Ou seja, esse é o primeiro ponto a ser vencido. Podemos ficar a vida inteira lamentando: oh céus, oh vida; ou podemos agir.

Deve haver vontade de agir do departamento jurídico, da reitoria, de alunos e professores, e das dinâmicas que cabem a cada instituição. Na minha visão, é lamentável que instituições que possuem pesquisadores referência, que são consideradas entre as melhores do país, que possuem pesquisas de alto nível, não consigam ter a vontade de vencer o desafio burocrático da interação da universidade-empresa.

De outro modo, do lado da empresa, a questão envolve o tempo e preparo. Não adianta querer a pesquisa para amanhã. Tecnologia de ponta não vem da noite para o dia. Não estamos trabalhando com cursos técnico, mas sim com instituições pesquisa. Requer tempo, dinheiro e disposição para assumir o risco.

Além disso, requer preparo. A empresa pode se preparar para compartilhar conhecimento. Se na área de gestão de pessoas temos processos para entrada e saída de colaboradores, estímulos, feedbacks e pagamento, porque não podemos ampliar os processos para a interação universidade-empresa. Esse preparo envolve a criação de processos e a capacitação da equipe.

Como sou do agir, mais do que reclamar, na minha cabeça, é tudo uma questão de vontade. Os desafios estão postos há anos. O que podemos fazer para vencê-los deve ser a nossa motivação.