Retomei a leitura do livro O Dilema da Inovação – Quando as Novas Tecnologias Levam Empresas ao Fracasso, de Clayton M. Christensen. Se você ainda não leu, vale a pena. Se lembrou da leitura, vamos comigo para uma análise simples.
Soluções que mudam toda a estrutura comercial de uma empresa têm futuro. Muitas empresas deixam de investir ou desenvolver novas soluções para novos mercados porque a estrutura comercial já está estabelecida. E, muitas vezes, dando altos lucros.
Não importa se a sua empresa é grande, pequena ou global. Deixar de olhar para novos mercados, menores talvez, mas com soluções com margens maiores é confiar muito na maré e se esquecer que ela pode mudar. E quando mudar, o vento será tão forte que o barco vai naufragar.
Você lembra das empresas que se foram mesmo sendo gigantes, certo?
Os gerentes na inovação e nas metas de vendas
Eu gosto muito da parte do livro que diz:
“Na maioria das organizações, as carreiras dos gerentes recebem grande impulso quando eles representam o papel chave de patrocinar projetos muito bem-sucedidos. Em contrapartida, suas carreiras podem ser permanentemente prejudicadas se eles fizerem maus julgamentos ou tiverem o infortúnio de apoiar projetos que fracassam”.
Por isso que muitos buscam a melhoria contínua e poucos a inovação. Até porque o processo de inovação está diretamente ligado ao fracasso. Nem tudo dará certo.
“Gerente intermediários – agindo em seus próprios interesses e nos da empresa – tendem a apoiar projetos para os quais a demanda do mercado parece mais assegurada. “ Um clássico essa parte.
Christensen fez uma série de pesquisas para mostrar como ouvir somente as redes de valor atual da empresas a levam ao fracasso. E mesmo quando um gerente ousa atuar com tecnologia de ruptura, ele rapidamente é engolido pela cultura.
“Funcionários de grandes empresas aplicam suas iniciativas no atendimento dos clientes na consecução das metas de vendas e lucros. É muito difícil para a gerência motivar pessoas competentes a adotar, com energia e persistência, um curso de ação que para elas não faz sentido algum”.
A falta de prioridade para a inovação
A inovação não é prioridade em boa parte das empresas brasileiras, somente as metas de vendas são. Tem gente que acha que inovação é tendência. E tem ainda aqueles que acreditam que seja algo só para reunir jovens em salas para terem ideias.
Por isso, há um desânimo enorme nas empresas de gerentes e analistas que querem fazer diferente. Esses são impelidos pela cultura. Neste sentido, uma grande parte deles está em busca de novas oportunidades. Talvez em corporações que os deixem mais livres para testar e fracassar.
Muitos deles procurando por novas oportunidades nessa rede aqui. Porque novos projetos não cabem no percurso. A prioridade é vender. Já até ouvi. “Se a gente não cuidar do hoje, não terá futuro para a inovação”. E eu pensei: se você não inovar hoje, você não está cuidando do hoje.
Inovação e metas de vendas
De quem foi a ideia de desvincular a inovação ao caixa da empresa, às novas receitas? Com certeza não foi de pessoas que tratam os sistemas de inovação de forma séria. Há anos já existem conceitos importantes como de inovação aberta e dos três horizontes de inovação.
Se não há presente, não há futuro. E se você não aprendeu nada com o passado, também não há presente.
Nós, aqui da inovação, quando pensamos em estratégia, a gente pensa no hoje, amanhã e lá na frente. Pensa nesse mercado, no atual, em mais incremento para sua solução. Mas, também pensa em novos mercados e novas formas de atuação.
Por isso, é preciso sair da bolha das metas de vendas no que temos no agro. Isso faz com que muitos gestores percam excelentes oportunidades.
O dilema da inovação
Em resumo, o Dilema do Christensen é angustiante. Tão claro para quem atua com inovação. Ainda desconhecido para quem está no dia a dia. A gente vê, até fala, mas parece que ninguém escuta.