Você pode utilizar alguns métodos para calcular os royalties de seu projeto inovador. O importante é ter em mente que os royalties são um modelo de negócio muito viável e têm sido utilizados tanto por universidades como por startups.
Primeiro, do lado das universidades, precisamos entender que parcerias com empresas podem ser feitas a partir de pagamento de royalties.
Isso acontece quando uma empresa comercializa um produto desenvolvido pela universidade e paga a ela os royalties sobre as vendas da solução.
No caso das startups e grandes empresas, também acontece de forma semelhante.
Porém, antes de saber quanto será pago, é preciso calcular quanto a tecnologia custa. E é aí que está o complicado da história. Porque precisamos definir quanto custa antes mesmo de saber como a solução será no mercado.
Por isso que, para calcular, é preciso ter em mente a projeção de mercado futuro.
Custos e contabilidade
Estimar os custos envolvidos na produção da tecnologia é uma das formas mais simples de calcular. Liste todos os custos: tempo de pesquisadores, insumos, horas de laboratório, luz, internet, equipamentos etc.
Você terá em mãos uma lista de quanto custou o desenvolvimento da solução. Assim, terá os royalties a partir deste custo.
Embora seja uma maneira mais simples, esse tipo de valoração deixa de lado o aspecto intelectual. Então, temos um cálculo que não leva em conta um aspecto importante.
Fluxo de caixa descontado para royalties
Outra modalidade é por meio do fluxo de caixa descontado. Neste caso, a projeção envolve qual a estimativa de receita com a tecnologia por um período estabelecido.
Também precisamos considerar o quanto será gasto para colocar essa tecnologia no mercado. Assim, fazemos um fluxo de caixa, envolvendo receitas e despesas por um determinado período de tempo.
Com essas informações, você encontrará o Valor Presente Líquido (VPL). Esse cálculo também pode ser feito para situações de valuation de startups. Mas calma,. Você deve estar se perguntando, como faz isso Tati?
O Fluxo de Caixa Descontado é uma metodologia muito utilizada por quem é da área contábil ou econômica. O que é ótimo, pois esse conhecimento é comum para empresas de consultoria nessa área.
E eu não acho que você precisa saber fazer a planilha. Contudo, acho sim que você pode saber que existe essa possibilidade e, desta forma, procurar as pessoas certas para te ajudar.
Quando trazemos a tecnologia para o Valor Presente, podemos estimar os royalties.
Para as instituições de pesquisa, essa forma de cálculo é muito interessante para dar transparência ao processo de transferência de tecnologia.
Um dos pontos negativos desse método está ligado a projeção, pois não se leva em conta as variações que o mercado pode ter ao longo dos anos.
De qualquer modo, por ser muito conhecido o método, facilita e muito a realização da valoração.
Mercado de Múltiplos
Esse é o modelo mais adotado por grandes empresas. Ele leva em conta a comparação do mercado. Ou seja, como outras empresas atuam nesse segmento.
Considera-se, então, indicadores de preços de segmentos semelhantes. Assim, a base será o preço praticado no mercado e as variáveis vão envolver comparações.
Podendo ser, por exemplo, preço / lucro, entre outros. Aqui, de novo, não fique preocupado. Essa metodologia também é muito utilizada por empresas de consultoria.
O grande ponto deste método é a comparação. Desta forma, aqui é importante conhecer muito bem o mercado e como ele pratica certos tipos de preço.
Assim, apesar de ser muito utilizado por empresas maiores, acaba sendo complicado para as menores. Já que esse conhecimento não é tão simples. Porém, nada que uma consultoria especializada não consiga te ajudar.
Política única de royalties
A grande maioria das universidades ou institutos de pesquisa não usa um método para valoração dos seus ativos. As instituições estabelecem um percentual único para qualquer tecnologia.
Esse percentual vale para todas as ações de transferência de tecnologia. Então, não importa se aquela tecnologia tem um potencial gigante. O valor sempre será fixo.
Temos, antes de mais nada, um sistema simples, mas que não leva em conta o potencial da solução.
Dizem as instituições que essa é uma política adotada, pois não se detém de especialistas em valoração. Por isso, a opção adotada é a mais simples.
Na minha opinião, não detém em partes. As universidades possuem cursos de contabilidade e economia.
Poderiam integrar essas áreas de pesquisa às ações de inovação. Tenho certeza que para pesquisadores de contabilidade seria um conhecimento completo e super interessante no mercado atual.
Já para institutos que não possuem esses profissionais, o ideal seria a integração desse perfil nos times de inovação.
Há uma ideia muito equivocada de que times de inovação devem ser compostos só por engenheiros. As equipes precisam ser de diferentes áreas. Para que possam de fato potencializar todos os ganhos que a inovação trará.
Mas, um passo de cada vez.
Exemplos a serem seguidos
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO, sigla em inglês) possui uma série de estudos para auxiliar no calculo de royalties. Entre eles um Manual para Pesquisadores.
O manual traz exemplos e a explicação mais completa de metodologias utilizadas no mundo todo. É um bom parâmetro, mas sempre destaco a necessidade de se levar em conta a realidade brasileira.
A Organização também lançou em 2014 um estudo com as taxas de royalties para diferentes indústrias. Neste estudo, há tabelas com as taxas praticadas. É um ótimo caminho para comparações.
Mas, de novo, é preciso levar em conta a realidade nacional. Aliás, o perfil do empresário brasileiro também é importante.
Agora você me diz se esse texto te ajudou a entender um pouco mais sobre o tema. E se tiver sugestões sobre novos assuntos, me mande. Assim organizo para escrever aqui.