Os desafios da interação universidade-empresa são reais. Contudo, é possível caminhar para resultados concretos de inovação e negócios.
Esse ano a Finep lançou uma série de chamadas para projetos de inovação com subvenção econômica. Em todos, há a obrigatoriedade se ter uma ICT.
Ou seja, fomento da pesquisa no país passa pelo relacionamento entre empresa e ICT. É claro que tem muita gente já atuando nesse sentido.
Porém, é raro, mas acontece com frequência aqueles que nem sabe do que se trata.
De certo, há muita gente falando muita coisa e esse texto traz algumas provocações de quem acompanha há anos, dos dois lados, essa interação.
Desafios na interação universidade-empresa: a burocracia
A falta de conhecimento sobre a forma de empresas e ICTs se relacionarem é grande. Por isso, há um monte de gente falando bobagem por aí.
Um amplamente reconhecido é de que uma das maiores barreiras para promover a interação entre universidades e empresas são os processos burocráticos.
Após anos enfrentando esse desafio, fica claro que tanto as universidades quanto as empresas têm papel crucial nesse processo.
Não vamos nos deter apenas em lamentações sobre a lentidão dos trâmites, mas sim focar em soluções práticas. A Lei de Inovação já estabelece bases para essa colaboração mútua, cabendo a nós torná-la uma realidade palpável.
O posicionamento da empresa frente aos desafios
Desta forma, para as empresas, é essencial capacitar suas equipes para compreender a inovação de maneira abrangente, incluindo o entendimento do marco regulatório e da dinâmica dos núcleos de inovação tecnológica das universidades.
Além disso, é crucial desenvolver modelos próprios para parcerias com as instituições de ensino, como termos de licenciamento de tecnologia e compartilhamento de recursos para pesquisa. Nada de contrato de boca!
Investir na equipe de inovação, organizando processos internos para receber pesquisadores e coordenar iniciativas de forma colaborativa, é outra estratégia fundamental. É importante reconhecer que os ritmos de trabalho das universidades e das empresas podem ser diferentes, mas alinhar expectativas é possível e necessário.
Como as universidades podem agir?
Já para as universidades, é crucial sensibilizar os pesquisadores sobre as regras institucionais e os procedimentos para interação com o setor empresarial.
Inclusive, a UFRJ fez recente uma campanha muito bacana chamando pesquisadores para reguralizarem suas patentes caso as tenha depositado por fora…
Eventos que promovam a importância dessa interação são valiosos, mas também é fundamental educar sobre os processos internos e o marco regulatório.
Ter uma política de inovação clara e abrangente é essencial para envolver todos os agentes no processo. Ações isoladas raramente geram resultados significativos.
Além disso, incentivar a formação de procuradores jurídicos especializados em iniciativas de inovação pode agilizar os trâmites burocráticos.
Interação universidade-empresa envolve duas partes, não só uma
Ambos os lados devem compreender e respeitar os tempos e necessidades um do outro. Na universidade, é necessário reconhecer que os prazos das empresas podem ser diferentes dos prazos acadêmicos. Por outro lado, as empresas precisam entender que a pesquisa de ponta demanda tempo, recursos e planejamento adequado.
Não há uma fórmula mágica para superar esses desafios, mas é fundamental haver vontade de agir. Tanto as universidades quanto as empresas precisam estar dispostas a enfrentar os obstáculos burocráticos em prol da inovação. Ao invés de lamentar, é hora de agir.
Seja qual for o lado em que você está, a vontade de superar os desafios na interação universidade-empresa deve ser a motivação principal. As barreiras estão aí há anos, mas juntos podemos tornar a interação universidade-empresa uma realidade mais eficiente e produtiva.