Licenciar tecnologia é repassar a uma outra pessoa o direito de comercializar algo que é seu. Tem muita gente que faz confusão com licenciamento de tecnologia. Aliás, as pessoas tendem a achar complexo.
Na verdade não é, e até temos coisas bem próximas ao nosso cotidiano que se parecem com o licenciamento. A gente só não liga a coisa ao nome!
As franquias são ótimos exemplos. Uma empresa que detém determinada franquia, repassa o direito para uma outra empresa comercializar as soluções. Assim, essa empresa franqueada pode usar o nome e seguir alguns critérios.
No licenciamento de tecnologia acontece da mesma forma. Uma empresa ou instituição de ciência e tecnologia permite que uma outra empresa possa comercializar a tecnologia. Então, em troca, a segunda empresa precisa seguir alguns critérios.
Eles podem ser de pagamento de royalties até o uso do nome da instituição.
Licenciamento de tecnologia como negócio
Muitas empresas têm utilizado o licenciamento de tecnologia como modelo de negócio. Principalmente, as empresas de biotecnologia. Como funciona?
Uma Biotech, por exemplo, desenvolveu determinada solução. Ao invés de ela criar uma planta industrial para produzir essa solução, ela repassa a tecnologia a uma empresa que já tem a estrutura produtiva.
Assim, a Biotech passa a ter como receita o pagamento de royalties da venda dos produtos. Essa tem sido uma solução muito viável para esse tipo de startup.
Porque é possível focar no desenvolvimento de soluções inovadoras, sem necessariamente, ter um investimento muito alto em planta industrial.
Licenciamento com universidades ou institutos de pesquisa
Uma empresa também pode licenciar tecnologia de universidades ou institutos de pesquisa. Há aqui, dois caminhos a seguir. Vamos a eles.
Primeiro, a empresa observou uma tecnologia da instituição e está interessada em comercializar. Assim, a universidade faz o licenciamento para essa empresa e paga os royalties em contrapartida.
O segundo caminho é quando a empresa desenvolveu em conjunto com a universidade a solução. Mas, como a instituição não vende, é licenciado para que a empresa possa comercializar.
Neste caso, também se paga o royalties em contrapartida.
Royalties no licenciamento da tecnologia
Os licenciamentos de tecnologia podem envolver pagamento de royalties. Não é obrigatório, mas acontece na maioria dos casos. E como funciona?
Acho que essa parte vai ficar mais fácil com um exemplo. Por isso, vamos a ele. A empresa Plant+ (inventei esse nome kkk) desenvolveu uma substância em conjunto com a universidade que mata insetos de plantas.
Essa solução foi patenteada de modo compartilhado. Sendo que a Plant+ ficou com 50% da patente e a universidade com os outros 50%. Podemos dizer que as duas são titulares.
Porém, cada uma tem uma parte da patente. Agora, a universidade vai licenciar para a Plant+ comercializar essa tecnologia. Assim, ela terá o direito de vender de forma exclusiva e pagará royalties em contrapartida.
“Então, a Plant+ pagará 50% de royalties? Não é viável!” Aí é um ponto que todo mundo se embanana, mas eu vou te ajudar. A universidade está dizendo para a Plant+: olha, eu tenho 50% e você pode comercializar a minha parte.
Só que universidade continua sendo dona dos 50%. Ela não vendeu, certo? Ela só disse para a Plant+ que “você pode comercializar minha parte também”.
Então, a Plant+ vai pagar para a universidade um percentual de royalties que pode ser combinado entre elas. Pode ser 5%, 10%, 15% não importa. Ela vai pagar o que for acordado em cada caso.
Por que é diferente? Porque a propriedade não muda. As duas continuam donas de 50% cada. Mas, vamos combinar que a Plant+ terá todo o custo de produção, marketing, vendas, atendimento a clientes etc.
Assim, na hora da venda, a Plant+ pode ficar com um valor maior da receita para cobrir todos os custos envolvidos.
Então, só licencia quem tem patente?
Essa pergunta é muito comum e a resposta é não. Se você tiver um desenho industrial você pode licenciar. Há casos, também, de licenciamentos de know how. Ou seja, de conhecimento.
Neste caso, a tecnologia não pode ser panteável, mas ela pode sim ser licenciada. Desta forma, a universidade vai passar para a empresa o conhecimento para a produção da solução.
Dá para ganhar dinheiro com licenciamento de tecnologias?
Sim, é possível!
Acredito, de verdade, que esse será um novo caminho da interação universidade-empresa. Principalmente, nos casos de inovação aberta.
A empresa não precisa refazer a roda, pode aproveitar do conhecimento da universidade para desenvolver uma solução. E para a universidade é importante, pois ela pode continuar investindo em pesquisa com o dinheiro dos royalties.
Além disso, dá sim para startups ganharem dinheiro licenciando suas tecnologias para outras empresas. Esse também é outro caminho possível com a inovação aberta.
Assim, a proposta é sempre de fluxo de avanço. Um lado ajudando o outro e crescendo em conjunto.
Viu como não é tão complicado assim? A proposta desse blog é desmistificar alguns conceitos. O de licenciamento é um deles. Se você tiver dúvida em outro, só mandar que vou adorar pesquisar para responder.