Não é um único conceito de inovação, que o define, mas sim uma construção de conceitos e pensamentos que podem contribuir para o nosso entendimento
Durante o meu mestrado eu desenvolvi uma linha teórica sobre o conceito de inovação e ela perpassa por uma construção. Ou seja, eu não entendo que a inovação cabe em um único conceito de apenas um autor (dentre vários que já o fizeram).
Para mim, o conceito de inovação segundo autores deve levar em conta alguns preceitos teóricos e vou elencar alguns deles:
1 – A inovação é um processo social
Como processo social, precisamos entender que a inovação é uma ação humana e não da natureza. É o homem quem desenvolve a inovação, pois ela faz parte do nosso modo de produção e das nossas relações econômicas, históricas e sociais.
2 – A inovação cria e destrói
Os ciclos econômicos guiados a partir da inovação foram desenvolvidos nos pensamentos de Joseph Alois Schumpeter. Ele dizia que inovação é capaz de gerar novas formas de produção, bem como o lucro necessário para a manutenção do sistema capitalista. Assim, entende-se que o próprio desenvolvimento do sistema capitalista depende da inovação. Por isso, a busca incessante das empresas pelo conceito de inovação empresarial.
Além disso, as inovações criam e destroem. Elas criam novos produtos ou serviços e destroem outros. Um exemplo muito comum é da passagem do disco – CD – MP3 – Spotify. Cria e destrói a nossa forma de consumir e nossas relações econômicas.
3 – Inovação é diferente de invenção
Da escola neoschumpeteriana, trazemos a premissa básica de que inovação é diferente de invenção. Visto que as invenções só passam a serem inovações quando a transação econômica é concretizada. Esse é um ponto-chave, ou seja, só há inovação quanto há um retorno econômico à empresa.
Neste sentido, pode-se entender econômico como aquilo que diminui custos, ou reduz força de trabalho, ou otimiza tempo, ou aumenta a capacidade produtiva etc.
4 – Inovação está ligada à infraestrutura
Ainda da escola neoschumpeteriana, entende-se que a inovação está atrelada à capacidade de pesquisa científica que dá origem a novas descobertas e as novas possibilidades técnicas. Assim, as firmas que conseguem monitorar esses avanços da pesquisa científica estão mais próximas da fronteira da inovação.
Por isso as universidades são tão importantes para a promoção da inovação. Apesar de elas não inovarem, é a partir da pesquisa que podemos dar o passo para a descoberta de soluções inovadoras. Essa infraestrutura também corresponde ao ambiente. Desta forma, vemos muito crescer os ambientes de promoção da inovação, bem como os ecossistemas de inovação.
5 – A aprendizagem é fundamental
Nathan Rosemberg traz ao conceito de inovação uma premissa interessante: a de que o aprendizado se torna a palavra-chave. Neste caso, uma aprendizagem pela prática, que seria um subproduto da atividade produtiva, em que se aprendem melhorias pequenas e constantes do processo produtivo de modo cumulativo.
Ou seja, é possível inovar a partir da aprendizagem, do olhar diário. Rosemberg vai dizer que:
Essa é uma fonte de inovação tecnológica que não é usualmente de P&D, e que não recebe investimentos diretos – o que pode ser a razão pela qual é ignorada. Ela se sobrepõe ao desenvolvimento. A aprendizagem envolvida exige a participação no processo de produção
6 – O Manual de Oslo
Na década de 1990 os países da OCDE criaram um manual com as diretrizes básicas de políticas públicas para a promoção da inovação, que levou o nome de Manual de Oslo. Esse manual traz os conceitos básicos de inovação de produto, inovação de marketing e inovação de processo.
Após o Manual de Oslo, houve uma padronização de conceitos. Muitos teóricos adotam Oslo como ponto de partida e de chegada. Muitos governos também em suas políticas públicas. No Brasil, se quiser conceituar inovação para editais de fomento, por exemplo, basta utilizar Oslo.
7 – A inovação aberta
O conceito de inovação aberta, surge nos anos 2000. Um novo conceito, que foi elaborado por Henry Chesbrough , começou a ditar as ações de multinacionais em todo o mundo.
Chesbrough considera que a maioria das empresas precisa de inovação para sobreviver ao mercado, mas, ao mesmo tempo, lembra que a maior parte das inovações fracassa. Nesse processo, o grande desafio está na gestão da inovação, ou seja, no gerenciamento de criação e inserção no mercado de novos produtos ou serviços, o que considera um processo difícil de administrar .
Os conhecimentos externos à empresa, em bancos de dados, ou universidades, institutos de pesquisa e consumidores estão moldando a nova forma de as empresas trabalharem à inovação. As empresas passam a inserir em sua gestão da inovação a prospecção de novas tecnologias, seja em universidades, institutos, banco de patentes ou startups.
8 – Mas o que é inovação?
É possível dizer que o conceito de inovação foi aperfeiçoado ao longo do tempo. Mas se você ainda quer o resumo de um conceito, eu gosto muito desse, que foi definido pela Lei de Inovação.
introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho
Por isso, disse no começo do texto que um único conceito não cabe a quem atua com inovação. É preciso entender a trajetória econômica, histórica e social.
[…] conceito de inovação de Joseph Schumpeter, um dos primeiros teóricos a falar sobre o assunto no início do século, já […]