Tive a grata surpresa de ser convidada para participar da Mobilização Empresarial da Inovação (MEI), organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

Criada em 2008, a MEI tem o objetivo de trabalhar para o reconhecimento da inovação. Assim, reconhece essa área como imprescindível para o Brasil alcançar o crescimento econômico e o bem-estar social. 

Ela está organizada em grupos de trabalho e em comitê de líderes. Além disso, os encontros acontecem ao longo do ano. Contam com representantes de grandes empresas e institutos de pesquisa.

Dessa forma, a Mobilização trabalha para garantir a importância da proposição de políticas públicas de CT&I.

Quer saber melhor sobre a pauta para inovação?? Continue neste artigo. 

Minha participação na MEI

Primeiramente, quero registrar minha felicidade de entrar nesse seleto grupo de agentes de inovação das indústrias do Brasil. Eu comecei minha carreira trabalhando com políticas públicas de CT&I. Por isso, AMO acompanhar essas interlocuções.  

Assim, no fim de novembro, estive em Salvador para participar da reunião do Comitê de Líderes da MEI. Quero compartilhar tudo com vocês. Para isso, irei dividir esse texto de acordo com as pautas da reunião. 

15 anos da MEI

O encontro começou com Pedro Woongtschowski, presidente do Conselho de Administração da Ultrapar. Dessa forma, ele fez um balanço da atuação da MEI. Com isso, quero destacar dois grandes pontos.

O primeiro foi que a MEI nasceu da proposta de criação da Embrapii. E que hoje movimenta muito da pesquisa desse país. 

Em segundo lugar, é em relação aos pontos que a MEI considera como prioridades para se falar de inovação no Brasil. São estes:

  1. Elevar o investimento público e privado em CT&I a níveis praticados pela média dos países da OCDE.
  2. Melhorar o ambiente regulatório. Especialmente no que diz respeito à desburocratização de processos. Além da segurança jurídica para aplicação de instrumentos de apoio ao empreendedorismo e inovação.
  3. Formar e capacitar pessoas para o novo contexto tecnológico.
  4. Aumentar a efetividade do gasto público em CT&I.

Os candidatos levaram esses pontos  à presidência da república antes das eleições. Além disso, são elementares para a condução da estratégia de inovação para qualquer governo que se inicia-se em 2023. 

Inovação e educação

Franklin Madruga Luzes Junior, vice-presidente de inovação, transformação e novos negócios na Microsoft do Brasil, reforçou o papel da educação tecnológica. Além disso, destacou que as empresas precisam se mobilizar para formar pessoas em tecnologia. 

Portanto, fortaleceu a proposta de unificar as iniciativas de diferentes indústrias no Brasil para a formação em TI. Algo a ser operado em conjunto. 

Posteriormente, trouxe como premissa de uma inovação mais centrada no apoio a empreendimentos coordenados por mulheres. E é claro que eu adorei essa parte.

Principalmente porque ele trouxe alguns exemplos de ações que a Microsoft tem feito para apoiar o empreendedorismo feminino. 

Até porque fui convidada para participar da MEI por ser uma liderança feminina! 

Apoio às startups de hardware

Marco Antônio Branquinho Junior, diretor presidente da Companhia de Fiação de Tecidos Cedro e Cachoeira, reforçou a importância de olhar para a inovação como pauta estratégica. 

Entre os diferentes pontos trazidos, eu gostei muito de dois deles. 

O primeiro foi mais voltado ao apoio às startups de hardware na fase na confecção dos primeiros equipamentos. Aqui, ele reforçou que políticas públicas poderiam ser pensadas. Com linhas de financiamento e apoio específico para essas startups fazerem seus primeiros produtos. 

Dessa forma, eu pensei nas startups que vi nascer e na importância de uma linha como essa. 

O segundo ponto foi voltado aos incentivos para as áreas de P&D. Ou seja: para as empresas que empregam engenheiros. 

Ecoinovação: a agenda da indústria brasileira

Esse foi um painel moderado por Bernardo Gradin, presidente da GranBio Investimentos. Não vou nem dizer que amei esse tema, porque quem me conhece, já sabe.

 A sustentabilidade como fator essencial para a pauta da inovação foi o mote. 

Assim, a mudança da matriz energética foi o ponto central do painel. É uma pauta para a indústria do futuro. E as discussões giraram muito em torno de como a inovação pode contribuir. 

Horácio Pizza, membro do conselho de administração da Klabin, trouxe exemplos importantes sobre como a empresa tem investido em projetos em parcerias com ICTs. Dessa forma, o objetivo é o desenvolvimento de soluções que minimizem os impactos ambientais. 

Eu gostei muito dessa fala. Isso porque tem pessoas que acham que é necessário pensar em soluções inovadoras apenas para venda final. Porém, podemos ganhar muito em produtividade. Inclusive quando falamos de inovação para resolver problemas mais complexos da indústria. 

A importância do Brasil

Pedro Luiz Barreiros Passos, co-fundador e co-presidente do conselho de administração da Natura, também participou desse painel. Ele reforçou que o Brasil tem uma grande importância quando se fala em desenvolvimento sustentável. Além disso, enfatizou que o país precisa tomar para si esse papel central no mundo. 

Essa premissa também veio na fala de Antônio Carlos Lacerda, vice-presidente sênior da BASF para América do Sul. Segundo ele, podemos ser a green house do mundo. 

Para isso, basta o país organizar os ativos que já possui. E reforçar as práticas sustentáveis que vêm sendo conduzidas. Além, é claro, de combater de fato o desmatamento desenfreado na Amazônia. 

Posteriormente, Lacerda também falou bastante sobre os produtos verdes. E sobre agro, por meio da busca de todos por ativos mais biológicos. 

André Clark Juliano, vice-presidente sênior da Siemens Energy para América Latina, levantou a bandeira dos parques eólicos. Dessa forma, levantou o papel estratégico do Brasil na condução de florestas eólicas por sua alta capacidade de ventos.  

A MEI é muito importante para a incursão da inovação no Brasil

Participar de um evento dessa importância foi incrível. A MEI é de extrema importância para garantirmos a caminhada da inovação do Brasil. 

Além disso, hoje, é um movimento consolidado e bem-sucedido. Assim, é um ambiente de diálogo, debates e contribuições entre os principais participantes do ecossistema. 

Esse é apenas um resumo do resumo da minha participação. Ficaria horas discutindo cada um dos pontos. Fico feliz por ter participado de um debate tão rico e por ver a inovação como elemento central de estratégia. 

Se queremos fazer mais pelo país, precisamos atuar nos moldes da MEI. Em que as discussões são sérias. 

Logo, logo novas pautas para políticas públicas sairão do grupo e veremos nos debates por aí.