Inovação, tecnologia e até mesmo razão e emoção. Esses foram alguns dos assuntos do Startup Summit 202. Assim, eu fui acompanhar esse ano, nos dias 04 e 05 de agosto, em Florianópolis.
O evento trouxe muitos olhares desafiadores e reflexivos sobre diversos temas do mercado atual. Foi muito instigante para quem gosta do assunto.
Eu vou resumir para vocês alguns pontos bem bacanas que eu anotei. Dessa maneira, também vou trazer algumas reflexões que tirei desse aprendizado tão rico.
Camila Farani e o olhar para o virtual
A Fundadora da G2 Capital e investidora renomada no ramo das startups, Camila Farani, destacou a importância do posicionamento digital e o mundo virtual.
Assim, ao longo da apresentação, provocou a plateia com a seguinte pergunta. “Qual o próximo ciclo de desenvolvimento que pode destruir o meu negócio?“
Dessa maneira, ela lembrou que o empreendedor precisa estar focado, também, no futuro.
A tendência de uma realidade cada vez mais virtual e mais exclusiva vem aumentando com as novas tecnologias. Por exemplo, as NFTs ou tokens não fungíveis. Ou seja, como será o futuro dos negócios com as NFTs?
Se você ainda não pensou nisso, é um bom momento para fazê-lo. O Brasil já é o segundo maior mercado de NFT do mundo, segundo dados da consultoria Statista. Aliás, essa consultoria possui uma série de dados sobre NFTs. Vou deixar aqui para você consultar.
Bruno Stefani e a inovação corporativa na Ambev
Bruno Stefani é o Diretor Global de Inovação da Anheuser-Busch InBev e trouxe o exemplo de inovação corporativa na Ambev.
Sua apresentação deixou claro que a inovação não é um papel de um setor. Mas, de toda a estratégia da companhia. Além disso, também trouxe a ideia de que a área que provoca as soluções inovadoras se condensa em uma grande plataforma de problemas e oportunidades.
Problemas e oportunidades geram possibilidades de parcerias com startups, universidades ou com colaboradores. Sim, aqui ele destacou a importância da inovação aberta. E como a área de inovação precisa estar atenta às conexões…
“A inovação tem que ser mais concierge do que Elon Musk”, disse Bruno. Eu ri e balancei a cabeça nessa hora, porque isso é a mais pura verdade.
Esse olhar é muito interessante no sentido de entender a equipe e a área de inovação como facilitadora para as atividades de inovação. Seja com ferramentas, seja com o gerenciamento das ações.
Bruno ainda reforçou o papel das grandes empresas na linha da inovação. “É preciso fazer tudo, de hackathon a Corporate Venture”.
Na minha visão, as médias empresas correm atrás do que é possível fazer. Entretanto, ainda há muita falta de maturidade para olhar a inovação como estratégia em muitas delas.
O case Ambev
Bruno apresentou como funciona o processo de inovação na Ambev:
- O time de inovação ajuda uma área a identificar e qualificar o problema. Assim, os desenhos são feitos um a um.
- Após isso, a área de inovação analisa se a solução tem que ser feita internamente, com startups ou universidades. Aqui, parte para a estruturação do projeto.
- Por fim, depois de estruturado, a área toca o teste e a validação. Assim, o time descentraliza as ações. Além disso, cria o compromisso das áreas com os projetos, visto que foram elas que trouxeram as demandas.
Um ponto muito interessante trazido por Stefani foi sobre a necessidade de compreender que os erros vão existir. “Testar muito, errar e aprender mais”, pontuou.
Paulo Costa e a cultura da inovação
Sempre falamos por aqui que trabalhar a cultura da inovação é fundamental para manter as empresas competitivas. E Paulo Costa, CEO do Cubo Itaú, trouxe 4 ações que as pessoas fazem quando o assunto é inovação. São eles:
- 1 – Rejeição – primeiramente, há uma rejeição ao desconhecido e ao novo.
- 2 – Atenção – é quando o colaborador enxerga um ponto interessante no novo.
- 3 – Aproximação – daí, ele se aproxima
- 4 – Colaboração – por fim, entende-se que pode contribuir, atua para isso.
Esses pontos mostram bem a realidade quando falamos em cultura. Primeiro, é muito comum que a equipe rejeite a ideia. Em seguida, alguém tem a atenção e topa fazer os testes.
O terceiro passo é quando os demais colaboradores se interessam e se aproximam da ideia e dos afazeres. E, por fim, há a colaboração entre todos. Dessa forma, esse é o momento ideal da consolidação de uma cultura.
Amanda Graciano e a obsessão pelo cliente
A Sócia e Head de Corporate Relation da Fisher Venture Builder, Amanda Graciano, mostrou como as empresas ainda vêm trabalhando apenas com a inovação fechada.
E fez o contraponto com com a inovação aberta e a necessidade da abertura de oportunidades para visões/opiniões internas e externas. Dessa forma, a busca por soluções e produtos que atendam as demandas do cliente. E a não centralização de processos e ações.
Graciano pontuou que as empresas precisam ter “obsessão pelo cliente e não pela concorrência”. Apesar dessa realidade ainda estar longe do nosso dia a dia.
Inovação é olhar para o futuro
De acordo com ela, “estamos inovando olhando para o retrovisor”. Ou seja: ainda há empresas olhando para o passado ao invés de pensar no futuro. E eu volto lá na Camila Farani falando de NFTs e o Brasil sendo já o segundo maior mercado do mundo nesse tema. E muita gente ainda não sabe nem o que é NFT.
Ela finalizou com um grande clássico quando falamos em inovação aberta e empresas tradicionais. “O que te trouxe até aqui, não necessariamente, é o que vai te fazer avançar.”
Alexandre Grenteski e o relacionamento entre startups e empresa
“Cultura é a forma como as coisas acontecem quando ninguém está olhando.” Essa foi uma das ideias apresentadas por Alexandre Grenteski, New Ventures Manager da Unimed Grande Florianópolis. E, vamos combinar, essa frase é sensacional.
Alexandre trouxe a perspectiva de que inovação aberta e fechada não competem. E eu falo muito sobre isso. Não é sobre um ou outro. Mas, sobre um e outro.
Além disso, falou que a visão e a estratégia para a inovação depende do nível de maturidade da instituição ou da empresa. Isso porque nem todas querem ou sabem o que significa inovar.
Grenteski ressaltou que algumas empresas atuam da seguinte forma: “Áreas trazem a demanda e alguém executa”.
Esse modelo, em sua visão, faz com que as pessoas deixem de formar os desafios e se engajem na resolução dos problemas a partir das oportunidades. Dessa forma, a compreensão das atividades de inovação deve seguir 4 pontos:
- Primeiramente, olhar para o desafio/oportunidade
- Em segundo lugar, compreender a necessidade do desafio/oportunidade, entendendo os porquês
- Em seguida, seguir para a escala de esforço
- Por fim, partir para o TRL.
Seguir esses quatro pontos é, para ele, o primeiro passo para se iniciar uma ação para o portfólio de inovação. Em síntese, sua experiência à frente da Unimed reforça a importância de uma empresa estar preparada para o relacionamento com startups.
Os mandamentos das POCs
E ele trouxe alguns Mandamentos para a realização das POCs. Aliás, quero lembrar que essas diretrizes são fundamentais para qualquer empresa que queira iniciar os passos da inovação aberta. São eles:
- Nunca, em hipótese alguma, faça integrações
- Lute com todas as suas forças para que a POC não seja “de grátis”
- Tenha em vista quanto custaria caso você se apaixone pelo produto
- Coloque cada área de negócio como DONO da POC
- Encontre os principais fatores de sucesso da POC
- Saiba quando o teste começa e quanto tempo deve durar
Muitas reflexões ao longo dos aprendizados
Eu sempre oriento para quem quer começar na área de inovação, a participar de eventos. O Summit é um ótimo exemplo de evento que vale a pena pela quantidade de conteúdos e networking que é possível fazer.