Nesse relacionamento, da universidade e empresa para inovação há pontos que queria discutir. A universidade fica esperando o problema e a empresa a solução. Só que não é bem assim que as coisas funcionam.

Antes de começar esse texto, quero lembrar que atuo com o relacionamento universidade e empresa, desde 2013. Já atuei do lado da empresa e da universidade. Agora como interlocutora desses dois universos.

Dito isso, o relacionamento universidade e empresa é uma mola para inovação. E ponto.

Sim, esse relacionamento traz aumento de competividade para as empresas se bem utilizado.

Do ponto de vista da inovação, não é um relacionamento para se ter mão de obra barata, ou de graça. Não é isso! É para o desenvolvimento de pesquisa em conjunto.

A palavra é PESQUISA. Sim, a universidade desenvolve pesquisa. É preciso que as empresas tenham clareza do objeto. E pesquisa pode dar certo, como pode dar errado. Se você quer algo com 100% de certeza, faz interno.

O que é possível fazer em conjunto entre universidade e empresa?

Há uma série de projetos que podem ser desenvolvidos em parceria entre universidade e empresa. Desde desenvolvimento de projetos de pesquisa complexos, até a prestação de serviços tecnológicos.

Alguns exemplos são:

  • Validação de novas soluções por parte das empresas. Neste caso, a universidade entra com conhecimento.
  • Desenvolvimento conjunto de novos produtos ou serviços.
  • Absorção de tecnologia. Aliás, esse é muito comum. É quando a universidade desenvolve algo e a empresa vai dar escala na produção e comercializar.
  • Experimentação de possibilidades. Este parece bem genérico. Contudo, é quando a empresa tem o interesse de desenvolver algo, mas não sabe ao saber qual é todo o potencial da solução.

Ou seja, há uma série de formas de se relacionar. Não apenas uma ou duas. Você pode entender qual modelo funciona melhor para sua empresa. Entretanto, é bom lembrar, que não é apenas um modelo que vai funcionar com todas as universidades.

Você pode ter modelos distintos para cada parceria.

Tudo é burocrático?

Muita empresa não se relaciona com universidade porque é burocrático. Nem sempre. Umas são, outras não. Aqui é uma questão de escolha. Você pode escolher atuar com as que são mais rápidas.

Assim, a decisão para o relacionamento dar certo, nem sempre está na decisão do objeto da pesquisa. Também está no entendimento da universidade e de como ela opera.

É uma escolha da empresa fazer ou não. Mas, dizer que tudo é burocrático, é mentira. Portanto, depende do perfil da instituição.

Ah, e se você tentou se relacionar com determinada universidade lá nos anos 2000 e ainda acha que tudo é do mesmo jeito, esqueça! Pois, tem muita instituição levando a inovação e esse relacionamento a sério.

Problema e solução

Logo no início eu disse: nesse relacionamento, a universidade fica esperando o problema e a empresa a solução.

Como funciona? O pesquisador quer que a empresa chegue para ele e diga: oi, eu tenho todos esses problemas na minha empresa. É claro que o empresário sabe os problemas que tem. Sabe também dos gargalos.

Contudo, nem sempre ele tem clareza que aquele problema pode resultar em uma pesquisa. Porque, o empreendedor quer da universidade uma solução. Só que nem sempre a instituição tem uma solução pronta, ela tem uma pesquisa para chegar a uma solução.

Parece meio tolo, mas é importante partir dessa premissa. Afinal, o objeto é a pesquisa e ela deve ser feita em conjunto.

Então, problema e solução é um processo de construção.

Para funcionar o relacionamento universidade empresa para inovação

Para que o relacionamento universidade empresa para inovação funcione, é preciso:

  • Entender que o objeto é uma pesquisa, que vai resultar ou não em uma solução;
  • Pesquisador ter clareza que precisa apresentar competências e não esperar receber os problemas;
  • Empresa saber que universidade nem sempre tem a solução que você quer, mas ela pode encontrar uma muito melhor;
  • Que o relacionamento seja de ganha a ganha. Os dois lados precisam ganhar;
  • Escolher bem o parceiro.

Desta forma, há muitos cases de parcerias entre esses dois universos que trouxeram resultados incríveis para as empresas. Basta alinhar expectativa e dar o primeiro passo.