Tive a oportunidade de assistir uma palestra na Angelus há algum tempo. Foi muito interessante, pois foi sobre como uma empresa de tecnologia de Londrina, que é referência mundial, atua com a gestão da inovação.

Aliás, fiquei muito feliz quando saí da palestra por ter validado minha proposta de atuação com a Vlinder. É como se eu visse ali toda a possibilidade de trabalho que podemos executar.

Mas, da necessidade de inovar até a decisão de dar o primeiro passo, há um caminho a ser percorrido.

Muitas vezes, os empreendedores sabem que precisam inovar. Querem fazer diferente. Entretanto, não sabem nem como, nem por onde começar.

Assim, esse post vai falar sobre isso. Trarei alguns passos para que você inicie um trabalho de gestão da inovação.

Certamente, é importante destacar que não há uma fórmula exata. Cada empresa encontrará seu próprio caminho. Mas, a atenção a alguns aspectos é fundamental. Vamos a eles!

1 – Inovação como estratégia

A empresa que decide pelo caminho da inovação deve ter isso em sua estratégia. Na Angelus, por exemplo, a inovação está na visão da empresa, em como ela quer se ver no futuro.

Dessa forma, é fundamental que a direção da empresa esteja alinhada com a perspectiva da inovação. Então, é preciso que tenha um movimento para inovar e quem precisa dar o primeiro passo é alta direção.

Entretanto, será preciso muito apoio no momento inicial do processo de construção da gestão da inovação. Assim, a inovação precisa ser parte do planejamento estratégico e estar como premissa nas ações estratégicas.

2 – Prospecção

Depois de definido o planejamento, a busca por inovação passa por uma prospecção. Dessa maneira, ela pode ser:

  • Tecnológica
  • Novos negócios
  • De novos mercados
  • Novas metodologias
  • Entre outras.

Inegavelmente, há diferentes formas de se prospectar. Pode ser por meio de banco de patentes, startups, clientes, universidades, institutos de pesquisa etc.

Assim, é possível escolher um caminho ou todos eles. Contudo, isso vai depender do grau e do comprometimento da empresa com a importância da gestão da inovação.

Banco de ideias

3 – Banco de ideias

A prospecção vai resultar em uma série de análises e novas ideias de projetos. Inegavelmente, será um mar de descobertas que deverão ser analisadas, priorizadas ou descartadas.

Nesse caso, é importante ter um banco em que seja possível guardar as ideias. Pois, mesmo que ela não sirva na hora, amanhã poderá ser útil.

4 – Gates ou marcos para próxima fase

Uma vez a ideia prospectada e retirada do banco de ideias, ela precisa seguir em frente. Portanto, é aí que entram os gates ou marcos para a próxima fase.

Aqui, é necessário, principalmente, pensar de que forma a ideia será avaliada e se ela segue adiante.

Na gestão da inovação, o processo pode ou não ser linear. Mas, em cada fase é preciso ter um gate. É qquele momento em que a alta direção e a equipe de inovação vai decidir se continua com a proposta, se joga fora ou se a deixa para um outro momento.

Os gates bem delimitados são fundamentais.

5 – Modelagem do projeto

Eu gosto muito de trabalhar com o Canvas para a análise de um projeto novo. Considero uma ferramenta simples e complexa ao mesmo tempo.

Nele, é possível:

  • Traçar um desenho do projeto de inovação
  • Estudar proposta de valor
  • Analisar segmentos de clientes
  • Enxergar fontes de receitas
  • Pesquisar canais de vendas
  • Entre outros

Esses e todo os demais quadrantes do Canvas nos permitirá ter uma ideia mais clara da proposta, serviço ou produto inovador.  Uma vez modelado, é possível já iniciar a validação, principalmente, da proposta de valor. A equipe de marketing e vendas poderá auxiliar muito nessa ação.

Análise de viabilidade

6 – Análise de viabilidade financeira

Nem é preciso ficar muito tempo explicando o porquê da análise de viabilidade financeira ser tão importante em um projeto de inovação.

Só precisamos lembrar que vale a pena fazer uma projeção de investimentos, receitas e despesas do novo serviço, produto ou projeto. Além disso, é necessário listar o tempo de retorno do investimento, Valor Presente Líquido ou Taxa de Retorno.

6.1 Captação de recursos

Quando se faz a análise de investimento de um projeto, é preciso definir de onde virão os recursos.

Isso é necessário para saber se essa proposta passará para uma próxima fase no processo de gestão da inovação.

Muitas vezes, a empresa não tem o dinheiro do caixa para investimento, mas sabe que aquela iniciativa pode trazes bons resultados. Então, é possível, em muitos casos, buscar recursos externos para financiar os projetos de inovação.

Descrevemos as principais linhas e ações para captação de recursos em um outro post.

7. Aspectos regulatórios

Os aspectos regulatórios são importantíssimos para um projeto de inovação.

Quando eu estava fazendo a minha pesquisa de campo no mestrado, entrevistei uma empresa que passou 9 anos desenvolvendo um projeto inovador.

Ela contou com mais de R$ 2,5 milhões de recursos em subvenção econômica para realizar o produto. Mas, quando foi preciso a autorização da Anvisa, o pedido foi negado.

Uma triste história, mas que retrata muito bem a importância dos aspectos regulatórios. Não adianta ter dinheiro ou uma ideia que pode resultar em uma super inovação, se não houver um entendimento claro dos marcos regulatórios.

Assim, é preciso estudar, entender e avaliar os riscos que podem existir, se não for possível de evitá-los.

8. Início do desenvolvimento

Acredito que somente nessa fase será possível iniciar o projeto de desenvolvimento da ideia. Aqui já teremos os recursos necessários, as primeiras análises, os aspectos regulatórios e a proposta de valor.

Essa fase tem um tempo variável. Para tecnologias mais complexas, pode levar anos. Já para tecnologias mais simples, semanas.

O tempo dessa fase vai variar de acordo com a complexidade do projeto de inovação e com os recursos disponíveis para executá-los.

9. Fase de validação com clientes próximos

Assim que o produto ou serviço estiver com um produto mínimo viável pronto, é possível iniciar os testes. A validação com os clientes mais próximos é uma das grandes diferenças na forma como as empresas lidam com a inovação hoje em dia.

Essa fase não aconteceria há 10 anos, por exemplo. Antes, o produto ou serviço chegava no mercado sem ter passado na mão do cliente. Hoje, é construído junto com ele.

Os ajustes necessários voltam para a equipe de desenvolvimento, que faz uma versão mais complexa a ser inserida no mercado.

10. Estudos de mercado e estratégias de venda

Paralela à fase de validação com clientes, já é possível definir as estratégias de venda.

A equipe de marketing também poderá nesse momento desenvolver todo o planejamento necessário para o lançamento.

11. Propriedade intelectual

A avaliação da propriedade intelectual também é uma fase que deve ser considerada num processo de gestão da inovação. É preciso se perguntar se há uma marca a ser registrada, uma patente a ser depositada ou um programa de computador a ser registrado.

Dependendo do grau de complexidade da tecnologia, essa etapa pode acontecer também após a fase 5. Lá, é quando se vai avaliar em bancos de patentes se há ou não projetos semelhantes.

Essa análise pode ser tanto para prospecção de novas ideias, como também para a avaliação da ideia depois da fase do Canvas.

12. Lançamento no mercado

Aqui, temos uma fase de grande expectativa. Não sabemos se esse produto será ou não inovador, é o mercado quem vai dizer.

Somente depois dessa etapa é que teremos uma noção mais clara da inovação.

13. Mensuração dos resultados

Não deve haver projetos de inovação sem a mensuração dos resultados. Ela é fundamental para que se avalie a importância da inovação na empresa.

Além disso, ela mostra como a inovação resulta em novos ganhos econômicos e financeiros.

Os resultados também servirão para os próximos planejamentos e definirão as curvas de aprendizagem nos projetos de inovação.

A gestão da inovação é fundamental para empresas que queiram inovar. Como eu disse, não há uma regra certa, ou uma fórmula perfeita. Cada empresa vai ter que encontrar a sua e tudo isso não é linear.

Pode ser que projetos entrem na fase 3 e saiam na fase 5, por exemplo.

O importante é dar o primeiro passo e eu espero ter contribuído neste post para que você tenha um norte, um caminho a seguir.

Quer ler mais sobre gestão da inovação? É só clicar aqui.