Muitas pessoas me perguntam sobre como funciona a gestão da inovação e achei um exemplo muito bacana que queria compartilhar com vocês. A Ingredion lançou recentemente seu programa de inovação aberta para inovar com startup e como uma startup.

É muito interessante entender a perspectiva de uma grande empresa para a atuação da inovação aberta. Pelo programa, a empresa vai abrir um canal de interação com startups a partir de desafios específicos: atuar com startups.

Também vai criar células internas para atuarem com a metodologia de startups, sendo este, o como startup. A proposta da multinacional da área de alimentos é abrir os caminhos para a promoção da inovação na América do Sul.

Inovar com startup – desafios internos de gestão

Uma das premissas do programa é inovar com startup. Para isso, a empresa lançou uma série de desafios. São eles:

  • Gestão de ponto e jornada de trabalho;
  • Automação do planejamento da produção industrial;
  • Gestão digital de documentos fiscais;
  • Antecipação de recebíveis;
  • Rastreabilidade de matéria-prima;
  • Novos canais para comercialização de ingredientes.

Olhando para os desafios é possível perceber, contudo, que a iniciativa da empresa está voltada a inovação para os aspectos de gestão. É para isso que ela busca as startups, ou seja, para trazer inovação para seus processos. Mesmo que sejam simples, as soluções inovadoras das startups podem garantir melhoria de eficiência.

Assim, para essa ação, o que a empresa precisa ter organizado? Primeiramente, é preciso entender como se relacionar com startup. Com isso entendido, listei alguns itens de atuação:

  1. Captar as startups: montar o programa, organizar os critérios de seleção e captar as iniciativas;
  2. Formalizar as parcerias: uma vez selecionadas, ambas empresas deverão formalizar juridicamente as parcerias;
  3. Implementar os projetos: as startups deverão implantar soluções e aqui as empresas precisam entender o jeito de uma startup operar.
  4. Mensurar os resultados: o que foi que deu certo e o que deu errado nessa interação com startups? Apesar de ser um item 4, a mensuração dos resultados deve permear todo o andamento do processo.

Não sei se esses serão os passos dados pela empresa que trago de exemplo, mas seria uma forma de atuação do como a Vlinder faria.

Inovar como startup – inovação em produtos e serviços

Em outra perspectiva, a empresa está querendo inovar como uma startup. Assim, sua equipe interna de desenvolvimento de soluções vai atuar com a metodologia de startups para colocar novos produtos no mercado.

Muitas empresas estão atuando na consolidação de células para inovação, por exemplo. Ou seja, uma equipe interna vai operar como se fosse uma startup, com restrições de orçamento, de equipe, partindo de uma grande incerteza para inovar. Uma unidade de negócio em forma de startup, para exemplificar.

Os desafios lançados foram nas áreas de:

  • Proteínas de Planta,
  • Sistemas de Ingredientes,
  • Redução de Açúcar,
  • Textutizantes,
  • Ingredientes Naturais

A proposta da empresa é tão interessante, que para operar nesse “como startup”, a ideia é ter um Shark Tank. Isso mesmo, os times das unidades de negócio que conseguirem investidores terão a multinacional como sua cliente e poderão, assim, testar os produtos de maneira mais rápida.

Para fazer uma ação semelhante, o que a empresa precisa organizar:

  1. Entender a metodologia de startups para aplicar nas unidades de negócio;
  2. Trabalhar para acelerar esses negócios;
  3. Organizar decks de investimento para atrair investidores;
  4. Entender as dinâmicas de investimento em startups.

Neste sentido, para dar conta dessa dinâmica é preciso ter conhecimento em gestão da inovação, propriedade intelectual, transferência de tecnologia e startups. Desta forma, o modelo da Ingredion é altamente replicável e pode ser adaptado a diferentes tipos de empresa que queiram atuar com inovação aberta.