Quem trabalha com projeto de inovação já deve ter se deparado com a escala TRL. O Technology Readiness Levels é uma metodologia de classificação tecnológica.

Assim, ela ajuda a identificar a maturidade do que está sendo desenvolvido no projeto. Seu índice vai de 1 a 9. Ou seja, quanto mais madura a tecnologia, maior sua nota na escala. 

A TRL está estruturada conforme a norma ISO 16290:2013. Devemos aplicar ela em projetos de inovação para gerenciar o progresso de desenvolvimento tecnológico. 

Ela também é usada em chamadas públicas e editais. Nesses casos, ela serve como um critério para identificar o estágio dos projetos submetidos. Além disso, auxilia na compreensão das etapas que o projeto deverá percorrer. 

Toda empresa e startup que deseja trabalhar com projetos inovadores deve conhecer essa escala TRL. Ela também é muito interessante para os programas de gestão da inovação.

Por isso, vou explicar cada nível dela.

Escala TRL 1 – Princípios básicos observados e reportados

O nível 01 é o estágio da ideia da pesquisa. É o estágio em que se realizam os primeiros estudos sobre como desenvolver aquela tecnologia.

Dessa forma, podemos dizer que é o momento de ideação. O pesquisador/empresa decide o que deseja desenvolver. Após isso, começa a buscar por estudos e referências para começar a embasar sua ideia. 

TRL 2 – Formulação de conceitos tecnológicos e/ou de aplicação  

O nível 02 é o estágio das primeiras confirmações sobre a pesquisa. É a aplicação de tudo que foi identificado no nível 01. O momento de testar as referência para o desenvolvimento tecnológico.

É como se, depois da ideia definida, já viessem as primeiras confirmações de que ela tem fundamento. Que pode ser viável a execução. Mas ainda é um nível de desenvolvimento bem inicial. 

Aqui gosto de explicar que é a fase em que temos um projeto para o desenvolvimento daquela ideia. 

TRL 3 – Estabelecimento de função crítica de forma analítica ou experimental e/ou prova de conceito

O nível da escala TRL 3 é o estágio dos estudos analíticos e laboratoriais. Ou seja, pega-se a ideia que surgiu no nível 01. Aplica-se às teorias e estudos que foram pesquisadas no nível 02. Inicia-se os testes práticos iniciais da pesquisa, como os testes laboratoriais. 

Esse é o nível em que se realiza a prova de conceito da tecnologia. Na linguagem das startups, podemos dizer que é aqui que temos o nosso MVP. 

TRL 4 – Validação funcional dos componentes em ambiente de laboratório

O nível 04 começa a ser um nível mais prático. Agora, a prova de conceito estabelecida no nível 03 deve ser testada. A ideia é realizar uma validação de baixa fidelidade. Ou seja, aplicar a prova de conceito em um ambiente similar ao real. Além disso, é o momento de iniciar os testes de escala em laboratório.

Esse é o ponto em que a tecnologia começa a indicar sua viabilidade, na aplicação. Em alguns casos podem ser os primeiros testes no laboratório.

TRL 5 – Validação das funções críticas dos componentes em ambiente relevante 

O nível 5 é a intensificação do 4. Então, nessa etapa, falamos da validação em um ambiente real. Se é uma tecnologia para a área da saúde, devemos iniciar a validação clínica. 

Todavia, se é para o agronegócio, devemos iniciar os testes em campo. Estamos falando da validação das funções nessa etapa, ok? 

Desta forma, a tecnologia deve ser testada com mais rigor. A simulação do ambiente é ainda mais real. É o momento de identificar as primeiras melhorias físicas. Validar novos componentes que podem melhorar o desempenho e arranjos experimentais. 

Portanto, nesse nível é produzido o primeiro protótipo da solução.

TRL 6 – Demonstração de funções críticas do protótipo em ambiente relevante

O estágio 6 é o protótipo com o teste em ambiente relevante. Nesse nível a tecnologia já está sendo demonstrada em ambiente operacional. Ou seja, em um ambiente de alta fidelidade. 

Esse ambiente pode ser simulado ou real. Seja um hospital, um campo agrícola ou uma loja. De preferência que seja real. Assim os os resultados serão mais certeiros. 

É o momento de validar a tecnologia e ver como é a resposta fora de laboratório. 

TRL 7 – Demonstração de protótipo do sistema em ambiente operacional

O nível 7 é a intensificação do 6. Aqui temos o protótipo validado no ambiente operacional e real. E ele deve estar respondendo de acordo com as expectativas. Portanto, estamos a um passo de finalizar o desenvolvimento da solução.

Nesse estágio mostramos que o projeto funciona. Precisamos então dar os próximos passos de industrialização. Seja ampliando a escala produtiva, seja a área de testes.

Agora que funciona, precisamos ver como a solução se comporta em um campo experimental um pouco maior. Além disso, usamos essa fase também para as devidas certificações regulatórias que forem necessárias. 

TRL 8 – Sistema qualificado e finalizado

No nível 08 temos a tecnologia finalizada. Já realizamos testes e validações e eles deram os resultados esperados. Ou seja, ela já está pronta para ser colocada em prática. Esse é o momento em que acabaram os testes.

Essa é a etapa anterior a comercialização. No nível 8 eu já tenho a solução pronta, mas ainda não coloquei no mercado. 

Assim, é nessa fase que organizamos nosso plano de marketing para chegar ao mercado. Sistemas de vendas e pós-vendas para essa solução.

TRL 9 – Sistema operando e comprovado em todos os aspectos de sua missão operacional 

O nível 09 é o estágio final. Portanto, a tecnologia já está pronta. Tudo já foi desenvolvido e não há melhorias a serem implantadas. É o nível de entrada no mercado e o nível de produção. Ou seja, é possível produzir e comercializar as tecnologias nesse estágio.  

Agora é só partir para escalar a solução. 

Observação: sempre é possível aperfeiçoar uma solução, ainda mais depois que ela entra no mercado. Esse nível não engloba melhorias, no sentido de produto inicial. Digamos que a versão 1.0 já está fechada. 

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A escala TRL é uma ferramenta muito importante para projetos de inovação. Veja como as etapas estão conectadas. E são próximas. Dessa forma, elas criam um fluxo de desenvolvimento bem estruturado. E possibilitam um acompanhamento detalhado de todo processo. Afinal, a inovação traz alguns riscos, mas eles podem ser minimizados com planejamento e monitoramento do processo!