Atendo com frequência pesquisadores que têm interesse em transformar a pesquisa em startup. E uma coisa em comum nesses atendimento são as dúvidas. Elas são sempre as mesmas. A principal pergunta que recebo é: posso transformar minha pesquisa em negócio? 

Sim, pode! E nesse artigo eu vou te contar como fazer isso.

Antes de tudo, quero dizer para você pesquisador que tem esse desejo, mas fica em dúvida por não entender de negócios: é um aprendizado. Você não precisa ser expert em negócios para fazer essa transição. Mas terá que aprender.

Digo isso porque, muitas vezes, os pesquisadores são a referência no tema da pesquisa. E possuem até o pós-doutorado. Então, é preciso ter humildade. Pois você vai entrar em um campo novo. Mesmo que já tenha chegado ao topo da carreira de pesquisador. Como empreendedor, você estará começando… 

Minha pesquisa é um bom negócio?

Depende. Sua pesquisa atende a uma necessidade do mercado?  É preciso enxergar a pesquisa como um produto ou serviço a ser vendido.

Se sua pesquisa origina um produto, fica mais fácil de enxergar. Mas caso ela gere um processo, você ainda pode transformá-la em negócio. Oferecendo consultoria ou assessoria para essa aplicação.

Nessa etapa, recomendo que você faça uma modelagem de negócios da sua empresa. O método Canvas é ótimo para isso. 

Academia ou empreendedorismo: preciso escolher? 

Não, você não precisa escolher entre ser pesquisador e ser empreendedor. Todo pesquisador, mesmo de universidade pública, pode ter empresa. No entanto, se o seu contrato for de exclusividade, tem uma ressalva. Você não pode ser o sócio administrador da empresa. É necessário que outra pessoa assuma esse papel.

Além disso, é sim possível conciliar os dois. O que vai impactar é o tempo de dedicação. Quanto menos tempo dedico ao meu negócio, mais lento ele cresce. Portanto, se você vai manter as duas atividades, tenha paciência. E se organize. Muitas startups dão errado por falha de execução. E não por ter um produto ruim. 

Uma vez conheci um professor que tinha algo muito legal na mão. No entanto, ele pulou etapas. De cara foi participar de um programa de inovação aberta de uma multinacional. E por falta de experiência, acabou não dando certo. 

Volto a reforçar: é um novo mundo. Tenha paciência de entender que você precisa aprender novamente para transformar sua pesquisa em startup e ter sucesso. Compreender quais são os aspectos de gestão de um negócio. Estudar o mercado. Analisar financeiramente a empresa. Ou seja, primeiro, montar uma estrutura. Depois, segue o barco. Com calma!

Estabeleça limites

Vai conciliar a academia e a startup? Estabeleça limites. Ao meu ver, essa é a grande dificuldade dos pesquisadores. Por exemplo, você não pode usar alunos para a sua empresa. 

Uma coisa é sua vida como professor, orientador. Outra é o desenvolvimento do seu negócio. É muito importante ter esse entendimento.

5 dicas para montar sua startup!

Na hora de transformas sua pesquisa em startup, você precisa olhar para vários aspectos. Não é só ter o time. Nem só ter uma solução. Existe ainda a parte financeira, estratégica do negócio. Por isso, separei algumas dicas: 

  • Time: escolha uma equipe interdisciplinar. Se não for possível, ao menos, pessoas com competências individuais diferentes. Tente trazer profissionais de fora da academia. Eles podem ajudar a diversificar a visão da startup. 
  • Tecnologia: trabalhe na modelagem do MVP na fase inicial. Isso ajudará muito. Não tenha medo de fazer algo simples, mesmo que você seja o expert no assunto.
  • Financeiro: empresa vive de receita, não de bolsa de edital. Quem vive de bolsa de edital, é pesquisador. Então, foque nas vendas e não em editais. 
  • Gestão: procure ferramentas de gestão para te ajudar. Isso fará muita diferença na sua rotina empreendedora. 
  • Mercado: procure saber muito sobre seu cliente. Estude. Não vá cheio de achismos. Aqui é a experimentação que ditará o caminho. 

Minha última dica para você é: procure um habitat de inovação! A maior parte das universidades têm incubadora ou aceleradora. Buscar esses ambientes pode te ajudar a crescer. E complementar o conhecimento que está faltando. Para os negócios, networking é peça chave. Comece a viver esse novo mundo!