A inovação aberta também pode contar com um programa de ideias com os colaboradores.
Pois, eles estão na linha de frente da empresa. Assim, sabem e fazem muito. Portanto, podem, perfeitamente, participar das atividades de inovação. Mas como?
Além de fazerem a gestão, podem participar de programa de ideias.
O que é um programa de ideias?
Um programa de ideias é quando você envolve os colaboradores na inovação aberta. Com o objetivo de captar ideias para o funil de inovação.
Muito se tem a aprender com os colaboradores na inovação aberta. Dessa forma, há um processo de aprendizado grande envolvido para se gerar soluções inovadoras. É o que Nathan Rosemberg diz no livro Por Dentro da Caixa Preta. Ou seja, do quanto o aprendizado pode gerar inovações.
Então, a premissa deve ser de pensar da seguinte forma: colaboradores estão envolvidos em diferentes frentes de atuação. Há um processo grande de aprendizado e observação na rotina. Assim, as atividades de inovação podem estar voltadas para captar esses olhares no programa de ideias.
Ou seja, o que aquele colaborador tem a indicar para a empresa como inovação. Daí, o trabalho da equipe interna passa a ser o tratamento dessa ideia para alimentar o funil de inovação.
E quando falamos em funil de inovação, devemos ter em mente um funil mesmo. Onde a boca mais larga é o número de ideias que entram e a boca mais estreita é de soluções inovadoras que saem.
Dessa maneira, a proposta não deve ser de que “uma ideia vai entrar e uma solução inovadora vai sair”. Até porque, há muitas incertezas nas atividades de inovação.
Portanto, devemos sempre trabalhar para ter muitas ideias e ir gerenciando o portfólio de inovação no funil.
As regras para o programa de ideias
Mas, quando pensamos em um programa de ideias, tudo deve estar bem alinhado e organizado, certo? Sim, em relação às regras do programa sim. Porém, o ideal é não ter muitas amarras.
Ou seja, é preciso ter regras claras. Mas, não há uma série de critérios que vão mais impedir as pessoas a darem ideias do que ter ideias. Porque queremos encher a boca do funil. Esse deve ser o foco.
Há muita gente que cria uma série de regras para o programa desnecessárias. O que acaba sendo restritivo. E, no final das contas, pode atrapalhar o fluxo.
Alguns exemplos desse tipo de regras são:
- A ideia só vale se aumentar faturamento
- Ela precisa ser de baixo custo
- Deve ter alinhamento com o mercado atual
“Mas, Tati, o programa precisa ter algumas regras, não precisa?” Sim, claro, deve. Caso contrário, não seria um programa de ideias. Mas, a restrição não é necessária. Dessa forma, as regras restritivas fazem com que muitas ideias não entrem no funil.
Assim, um bom programa de ideias deve ser bem aberto. Ou seja: deve aceitar até ideias absurdas. Até porque, o desafio está em captar pensamentos interessantes para resultar em soluções inovadoras.
Entretanto, ainda não temos essa prática nas empresas. Muitos acham que é desperdício de tempo ouvir coisas absudas.
Mas, eu não consigo me lembrar de uma inovação de fato que não veio de algo absurdo. Dessa maneira, um ponto de partida envolve escolher bem os desafios para o programa.
O exemplo da Volvo
Um exemplo de um bom programa de ideias é a Volvo. Por meio do Programa I9, a unidade brasileira da empresa, em 2021, atingiu meio milhão de ideias implementadas. Isso significa que, em média, cada funcionário chega a dar mais de 30 ideias por ano.
Se esse é o número de ideias implementadas (ou seja, de fim de funil), imaginem a quantidade de ideias que eles não captam (de topo de funil)? Assim, todas essas sugestões significaram uma economia de R$ 8,5 milhões.
De acordo com Rafael Souza, gerente de qualidade e do Sistema Volvo de Produção – VPS, há uma grande variação de tipos e qualidades das melhorias. “Ao observar uma cultura que incentiva a participação, os funcionários sentem-se motivados a olhar de forma diferente para os processos”.
É preciso fortalecer a cultura
É claro que, para conseguir trabalhar com um programa de ideias forte, é necessário fortalecer a cultura de inovação da empresa. E existem diversas formas de fazer isso. Por exemplo: tirar o time da rotina e proporcionar novas experiências.
Estimular ações de criatividade e fazer imersões em outros ambientes também ajuda.
Temos que ter em mente que a cultura não muda da noite para o dia. Esse é um trabalho árduo e, por vezes, lento. O que é normal. Mas, se mantivermos o foco e realmente quisermos inovar, essa é uma maneira com resultados significativos (como mostrou a Volvo).