A primeira importância da transferência de tecnologia para as empresas é que ela garante a ampliação de oportunidades para inovação. Segundo, porque você não precisa desenvolver tudo sozinho. Terceiro, porque pode aproveitar de tecnologias mais robustas para avançar em soluções inovadoras. 

Sim, é possível identificar uma tecnologia que já está sendo desenvolvida na universidade ou instituto de pesquisa, mas que ainda está na fase de bancada, e levá-la para que na sua empresa ela ganhe a escala industrial. 

Assim, você aumenta portfólio de produtos e, principalmente, amplia sua capacidade de gerar soluções inovadoras. No processo de transferência de tecnologia, a universidade garante royalties para gerar novas pesquisas. 

Vantagens da Transferência de Tecnologia

A transferência garante dois grandes elementos econômicos que merecem destaque no mundo contemporâneo: conhecimento e tempo. 

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Não basta ter a ideia da solução inovadora, é preciso ter conhecimento para executá-la. E, por vezes, aprender determinada técnica leva anos. 

Porém, há pessoas capacitadas no Brasil e no exterior em diferentes áreas do conhecimento que podem contribuir no desenvolvimento de soluções inovadoras. Ou melhor, que já fizeram soluções com potencial de inovação e querem compartilhar esse conhecimento. 

Quando falamos em tempo, podemos ir além. Quanto tempo você levaria para aprender e desenvolver determinada tecnologia? Será mesmo que precisamos internalizar toda a capacidade científica do negócio?

A resposta é não! E a inovação aberta está aí para nos mostrar que boas ideias podem surgir de dentro e de fora da organização. Por isso, a importância da transferência de tecnologia.

Empresas na fronteira da inovação

Já diziam os teóricos Freeman e Soete lá na década de 1960 que as empresas que estão mais próximas da fronteira da inovação são aquelas que mapeiam as soluções tecnológicas de universidades e institutos de pesquisa. 

Segundo os últimos dados da Capes, coletados em 2018, há no país mais de 91 mil alunos em programas de pós-graduação, entre matriculados e que já finalizaram. A maior parte deles na região sul e sudeste.

Número de pós-graduandos no Brasil
Fonte: GeoCapes, 2018

Com toda essa capacidade, muitas empresas continuam mapeando o que há de novo no mundo científico. Há até um termo usado recentemente que é Hard Science, ou seja, tecnologias que são mais robustas e vindas de institutos de pesquisa. 

A busca por esse tipo de informação vem da prospecção tecnológica. Bancos de patentes e de artigos científicos dão o tom do universo do desenvolvimento. Em poucos cliques e com palavras-chaves adequadas é possível descobrir:

  • Linhas de pesquisa;
  • Grupos de pesquisadores;
  • Áreas correlatas de atuação;
  • Métodos utilizados;
  • Institutos ou universidades; entre outros. 

Ou seja, o conhecimento está ali na internet ao alcance das nossas mãos. E para alcançá-lo, é preciso monitorar. Assim, é possível se tornar mais próximo da Hard Science e das soluções inovadoras.

Então, a dica é: a prospecção tecnológica pode garantir o mapeamento da Hard Science. 

Imagem de StockSnap por Pixabay

Não, não precisa participar de eventos e ficar assistindo a apresentação de pesquisadores sobre linhas de pesquisa. Isso demanda tempo e queremos economizá-lo. Os bancos de artigos e patentes são o caminho, pode acreditar! 

Encontrei a tecnologia, como transferir?

Podemos partir por dois caminhos quando encontramos a tecnologia e o grupo de pesquisa que queremos utilizar. O primeiro é a parceria para o desenvolvimento em conjunto da solução e o segundo é a transferência de tecnologia. 

Universidade tem o conhecimento, mas ainda não desenvolveu a tecnologia

Você possui uma demanda por determinada tecnologia e encontrou o grupo de pesquisa que poderá te auxiliar no desenvolvimento da solução inovadora.

Se isso aconteceu, mas o grupo ainda não possui nada semelhante sendo desenvolvido, podemos fazer o processo de cooperação tecnológica. 

Neste caso, a pesquisa será desenvolvida em conjunto. A empresa arca com uma parte dos custos e a universidade envolve os pesquisadores e laboratórios. 

A propriedade intelectual, se houver, é compartilhada e o processo de transferência de tecnologia será exclusivo conforme prevê a Lei de Inovação. 

Fonte: Imagem de Arek Socha por Pixabay 

Universidade já tem patente da solução

Na sua pesquisa você descobriu que determinada tecnologia já é patenteada em todo, ou em parte, pela universidade. 

Neste caso, o processo de transferência de tecnologia é acionado já para o licenciamento da patente. Assim, o grupo de pesquisa te passará as informações de como produzir e você pagará a eles um percentual de royalties sobre faturamento. 

Não podemos deixar de lado a importância da transferência de tecnologia

Se você chegou até aqui e acha que tudo isso é importante, mas é burocrático demais, eu vou te contar algumas coisas. 

Sim, empreender no Brasil é burocrático e, por vezes, tirar uma licença da Anvisa é mais burocrático do que transferir tecnologia. 

Há contratos, assim como há quando você vai comprar um imóvel. Há um tempo de espera, assim como você faz uma reclamação no Procon. 

O custo no Brasil (medido pela capacidade das empresas e a burocracia) é alto. Mas isso não impede que as empresas existam, que os negócios aconteçam e que o mercado seja grande. 

Voltando ao tempo, você estava disposto a aprender e produzir, não é? Precisamos reconhecer a importância da transferência de tecnologia e ampliar nossa capacidade de geração de soluções inovadoras. Só assim o país vai avançar. 

Agora você me conta! Quais são suas principais dúvidas sobre esse tema? Me diga aqui nos comentários para que eu possa te ajudar.