Verdade seja dita, muitas corporações tradicionais têm medo da relação empresa startup. O receio é de ter seu lugar ao sol “roubado”. Afinal, as startups apresentam uma estrutura enxuta. Uma capacidade de adaptação alta. O potencial de desenvolvimento rápido. E ainda, a habilidade de validar a solução antes de lançar.
Só que ao invés de olhar para a startup como uma concorrente, olhe como uma parceira. É essa a mentalidade que o empresário da corporação tradicional deve ter. Uma possibilidade de acelerar seus próprios negócios. E de potencializar sua capacidade de inovar.
Na relação empresa startup, o medo surge de onde?
Percebo que o medo das startups vem do desconhecido. Um gestor tradicional tem dificuldade de lidar com métodos ágeis, por exemplo. E de repente ele se depara com uma startup que é toda baseada nisso. Surge então a dúvida: é confiável o que ela produz? É possível desenvolver algo tão rápido?
Sim, é. E a empresa tradicional pode fazer também. Não sozinha, mas com a parceira certa.
Portanto, você gestor que resiste a essa relação, deveria repensar. Olhe para o mercado, já temos startups que deixaram bancos para trás. A resistência das pessoas às tecnologias está cada vez mais baixa. As mudanças de hábito de consumo estão cada vez mais rápidas. Ou seja, se a sua empresa não tem essa velocidade, ache um parceiro que tenha e traga ele para perto.
Mas e se a startup roubar meu negócio?
Não acompanhar o mercado é o que vai fazer o seu negócio acabar. Não, a startup que está tentando entrar no mercado. Se a empresa planeja e gerencia bem seu processo de relacionamento com startups, ela só tem a ganhar. E a startup também. Afinal, ao colaborar uma com a outra, ambas avançam e asseguram sua fatia do mercado.
Qual o principal risco?
O principal risco na relação empresa-startup é a incompatibilidade de tempo. Na teoria, a startup é ágil e pouco burocrática. Já a empresa tradicional tende a ser mais robusta. Assim, não conseguir ajustar esses tempos, é um dos grandes desafios.
Antes de tudo, é importante também que a empresa entenda de onde vem essa rapidez da startup, para identificar onde seu processo pode estar demorado. Os autores Marc Brodherson, Jason Heller, Jesko Perrey e David Remley, são estudiosos da criatividade e inovação. Eles apontam como causa dessa agilidade equipes multiprofissionais com autoridade para agir.
E isso acontece por que? Porque tendo equipes enxutas, os líderes estão envolvidos diretamente no processo. Evitando atrasos para aprovações. Em empresas tradicionais, normalmente, temos esse gap entre a ponta do projeto e a liderança. Por isso, um time com autonomia capaz de agir rápido quando necessário é fundamental.
Ao meu ver, a grande diferença entre empresa e startup é, na verdade, uma boa oportunidade de aprendizado. Ou seja, empresa pode usar essa relação para identificar onde seus processos estão travados.
No entanto, entenda que nesse cenário um não é o “salvador” do outro. Já presenciei muitos problemas de relacionamento entre startup e empresa por conta disso. Primeiramente, pela postura de superioridade que uma das partes quer manter. Depois, pela necessidade contínua de ganhar mais do que o outro. Estamos falando de parceria. É meio a meio.
Primeiros passos na parceria empresa startup?
Para muitas empresas estabelecer essa relação vai ser um desafio. Por isso, é importante planejar. Caso contrário, ela pode ter uma péssima experiência. E ficar com a impressão de que não funciona. Dessa forma, é importante que a empresa defina:
- O objetivo com a parceria: quer resolver uma dor sua ou desenvolver uma solução para o seu mercado?
- A estratégia de relacionamento: vai abrir uma chamada para startups, vai criar um programa contínuo, vai participar de um evento de inovação?
- Critérios de seleção: com que tipo de startup vai se relacionar? Quer pegar projetos desde a ideação ou já quer protótipos funcionais?
- Encaminhamento do projeto: como a parceria vai acontecer? De que forma vai ser gerenciada?
Tudo isso faz parte da gestão da inovação da empresa. Por isso eu digo: a ideia é ir sem medo, baseado na premissa do crescimento conjunto e na relação de ganha a ganha, mas sempre de forma planejada e gerenciada.
A necessidade de inovar está cada dia mais presente nas empresas. Por isso, recomendo com segurança para os meus clientes: ao invés de ter medo de startups, inove com elas e como elas!