A ABNT lançou recentemente a ISO 56000 em português, que trata sobre a Gestão da Inovação fundamentos e vocabulário.

Para quem ainda não sabia, sim, existe uma ISO de Gestão da Inovação, que é a ISO 56002. Ela trata de diretrizes para a sistematização dos processos de inovação. Agora, temos a base. 

A ISO 56000 traz uma série de conceitos importantes para o alinhamento das organizações frente à inovação. Considero isso muito significativo, pois é a base. Imagine você na sua empresa tendo que justificar o tempo todo coisas básicas como o conceito de algo. 

Não dá nem para começar a discutir se não tiver logo no início o conceito bem estabelecido. Sobre qualquer tema, não só inovação, não é mesmo? Assim, com a inovação não é diferente. Os conceitos básicos precisam estar alinhados e, também, muito bem enraizado na organização. 

O que é inovação?

Inovação é: “entidade nova ou alterada que realiza e distribui valor”, de acordo com a ISO 56000.  

Eita, confesso que nem eu tinha visto um conceito tão enxuto e tão completo ao mesmo tempo. Vamos aos detalhes. Por entidade, a ISO 56000 considera “como qualquer coisa que seja perceptível ou concebível” . 

Além disso, um ponto muito importante também aparece na norma. A de que a percepção de novidade e realização de valor é da organização e das partes interessadas. Anotem essa última frase!! 

É a organização e as partes interessadas dela que vão determinar se uma solução é ou não inovadora. Você pode não ter ideia, mas isso traz uma mudança tão grande.

Não sou mais eu, ou o Manual X, ou o especialista Y que vai falar o que é a inovação para sua empresa. É a sua empresa que vai definir o que para ela é inovação. 

A inovação pode ainda, segundo a ISO 56000, ser de produto, serviço, processo, modelo, método etc. E há ainda o grande reforço:

‘Inovação é um resultado. A palavra inovação às vezes se refere a atividades ou processos que resultam em, ou buscam por, inovação. Quando a inovação é usada nesse sentido, convém sempre que seja usada usada com alguma forma de qualificador, por exemplo, “Atividades de inovação”

Ou seja, quando estamos falando da inovação, ela é o resultado em si. Mas, quando falamos do que fazemos para chegar a esse resultado, estamos falando de atividades para inovação. 

O que é inovação radical?

Inovação radical é: “uma inovação com alto grau de mudança”. A ISO 56000 diz que essa mudança pode estar relacionada à entidade ou ao seu impacto. 

Além disso, considera que a inovação radical está no outro extremo da escala, em relação à inovação incremental. 

Ou seja, uma inovação radical não é qualquer melhoria. Está relacionado a um alto grau de mudança. E se, tomamos a inovação como resultado, precisamos saber medir. 

Então, aqui é muito importante pensar em como medir esse resultado. Ainda, como comparar esse resultado para que a gente entenda o alto grau de mudança. 

O que é inovação disruptiva?

Inovação disruptiva é: “Inovação que aborda, inicialmente, necessidades menos exigentes, deslocando ofertas já estabelecidas”. 

Achei interessante o conceito estabelecido pela ISO 56000. Na norma, a inovação disruptiva é “‘aquela que comparadas às ofertas estabelecidas, as inovações disruptivas são, inicialmente, ofertas mais simples, com desempenho mais baixo, e geralmente são mais econômicas, exigindo menos recursos, e oferecidas a um custo menor”.

Além disso, segundo a ISO, a disrupção ocorre quando uma proporção significativa de usuários ou clientes tiver adotado a inovação. Isso é muito legal!! Está atrelando a inovação disruptiva ao mercado e ao seu resultado. Ou seja, só é disruptivo se realmente tiver uma parte grande do mercado usando. 

A norma ainda complementa que “inovações disruptivas podem criar novos mercados e redes de valor pela abordagem a novos usuários e implementação de novos modelos de negócio e de realização de valor”.

Eu poderia ficar aqui horas e horas escrevendo sobre cada um dos conceitos que a ISO 56000 traz, porque tenho certeza que renderão boas discussões. Mas, preciso chegar ao fim deste artigo. 

Gosto dos alinhamentos, que na verdade são oportunidades. Ter uma base, um norte conceitual para inovar é fundamental. E, com certeza, esses aqui serão muito disseminados.